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sábado, outubro 23, 2004

Ensaio sobre a fé

Primeiro Tomo


Um homem, ao nascer, adquire algumas habilidades que ninguém mais as pode retirar, salvo se o matar. Dentre essas habilidades, está o instinto, que neste momento, é o que impera, pois ele, o homem ainda não foi inserido numa cultura predominante.Esse inatismo é predominante até que o processo cultural seja estabelecido, mas o que importa neste ensaio é o fato de se poder perceber que as aptidões racionais humanas já nascem conosco, como a luta pela sobrevivência, e neste caso não se trata de uma luta contra outrem, mas sim, uma luta a favor ou pelo favor de outros, já que o homem é um dos animais mais frágeis que a natureza conhece enquanto “filhote”.

Verifica-se que o homem desde cedo precisa de alguém, e dependendo do processo ao qual fica inserido, ficará sempre preso a quem quer que seja.

Nesse estágio não existe fé, não existe uma crença em alguém ou algo no sentido religioso ou teológico, existe sim uma dependência física e que nada tem a ver com a dependência de um Deus para ser o centro de suas crenças e esperanças.

Então a fé, como muitos a praticam e conceituam atualmente advém de fatos externos e não internos, pois uma pessoa com fome não precisa de fé, mas sim de comida, e da mesma forma acontece com todas as necessidades físicas, fisiológicas e sexuais. A fé nasce dentro de um contexto social e familiar como um padrão de comportamento a ser seguido de maneira imposta, e sem qualquer possibilidade de escolha. O homem então passa a não ser mais o dono de suas necessidades e se vê como um fantoche ou como um prisioneiro dentro de seu próprio eu, sendo que essa prisão e essas cordas foram colocadas por outrem, mas sem que ele tenha se manifestado contrariamente. É nesse ponto que a fé começa a agir com mais intensidade e o homem se perde, pois se policia o tempo todo, controla-se e censura-se, uma vez que sempre há algo ou alguém dito superior que o vai julgar sobre determinados atos. O interessante é que a fé tende a agir de forma negativa e não positiva. Creio mesmo que a fé enquanto um instrumento de alívio ou bem-estar espiritual só pode ser realmente compreendida por teólogos e/ou cristãos mais ortodoxo.

Imaginemos um homem que nasce livre, escolhe e sacia todas as suas necessidades mais básicas, mas que se vê na obrigação de seguir algo que lhe é imposto e que não se pode comprovar, garantir ou provar usando argumentos racionais, lógicos, claros e objetivos.

A fé controla o homem e não o homem a fé. Fé, que traduzindo do termo latino Fides tem os seguintes significados: fé, boa fé, lealdade, sinceridade; veracidade, consciência, retidão, fidelidade, honra, dever, justiça, honestidade, integridade, probidade, dentre outros sinônimos. Logo, não há como ter a inocente impressão de a fé ser uma coisa boa em si, pois no seu significado encontramos imposições, controles, limites e arrisco-me a dizer, obrigações para seus praticantes.

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