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quinta-feira, dezembro 15, 2005

Má velha (antagonismo)*

*Texto originalmente publicado no meu blog


E justo na época em que mais se diz claramente a boa nova, aqui estou eu, desinteressado, frustrado, chateado, e cansado de tanto blá blá blá sem nexo e sem razão.

O mundo deveria ser justo, sim, deveria; ainda mais na época do nascimento do SOTER, o que me impressiona é a cara-de-pau da instituição maior que nega a própria ARKÉ!

Minha nossa, o que me faz ficar nessa que é a maior de todas as empresas do mundo?

Eis que o desespero começa a tomar conta de mim, eu que não me afirmo nem me nego perante questionamentos que ainda nem foram feitos.

Os tempos mudaram, as propriedades mudaram, mas as pessoas, as que mais deveriam mudar, não! Essas estão cada vez mais iguais, cada vez mais medievais (no sentido totalmente pejorativo que essa palavra tem).

Feliz o quê mesmo que se diz?

quarta-feira, outubro 26, 2005

A subjetividade da liberdade

Interessante é que ontem fui notar que talvez a diversidade esteja na subjetividade, pois pensando assim, eu posso explicar que a liberdade é um ato subjetivo que tende a um objetivo; não um mero objetivo qualquer, mas um objetivo diverso, que tenha vários significados e várias interpretações.


As escolhas de alguém têm que ser baseadas em condições subjetivas e nunca em fatos objetivos.

quarta-feira, setembro 28, 2005

Causo

*texto extraído do meu blog.

Não me queiram mal, meus inimigos, é que não há diálogo possível acerca da falsidade de cada um de vós. Eu que não sou entendedor profundo de coisa alguma, mesmo assim, tenho cá meus jeitos, meus pensamentos, minhas manias, que muito me aprazem, mas de fundamentadas e explicadas logicamente, ou quem sabe “Hegelianamente”, não têm nada. Percebi que viver tentando explicar as coisas nos seus pormenores é muito cansativo e, convenhamos, não há quorum, e nunca haverá; porém, uma coisa que sempre vai existir nesse mundo, são os amigos do amigo do chefe da empresa que necessariamente optam por não ter opinião e sempre, mas sempre mesmo, concordam com tudo que se diz e se escreve sobre o que quer que seja. Estão vendo? Eu não posso ser assim, minha vaidade, ou melhor, minhas manias vaidosas me são muito estimadas, e eu as respeito por demais para jogá-las ao vento tão facilmente. Ah! Cansei. Depois nós conversamos, pois o meu bonde já aponta lá na esquina e ainda nem tomei meu café, outrossim, há visitas em minha residência, e a educação manda que não se demore muito fora de casa quando se saiu (em teoria) apenas para comprar o pão.

terça-feira, setembro 20, 2005

A filosofia é pop, mas não pode ser burra

Mensagem: 1
Data: Mon, 19 Sep 2005 18:25:50 +0000 (GMT)
De: Paulo Ghiraldelli Jr
Assunto: A filosofia é pop, mas não poder ser burra

A filosofia é pop, mas não pode ser burra

Filosofia no "Fantástico", do modo que está, é burra. É tudo, menos filosofia. Filosofia em manuais é necessário. Mas em manuais toscos, é o que menos precisamos.
As pessoas procuram a área de filosofia. Sim, procuram. Há a idéia de que o filósofo, de todos os que transitam nas Humanidades, é o que é melhor formado, o que "restou" de uma "época de ouro" no ensino brasileiro. Em parte isso é verdade. Quem procura a filosofia o faz por motivos estritamente ligados ao saber, à curiosidade, então, em geral é alguém que lê, que leva a filosofia a sério. Mas é tolice pensar que só por isso qualquer um que fez o curso de filosofia ou que escreveu algo em filosofia pode fazer divulgação filosófica de modo correto.
A divulgação em filosofia demanda um filosófo mais bem preparado que o filósofo que faz pesquisa no mundo acadêmico. Os grandes filósofos foram os melhores divulgadores da filosofia. Descartes, Sartre e Rorty - todos eles, para não citar um bocado de outros, fizeram textos de suas filosofias para o grande público. Tiveram sucesso nisso.
Uma coisa é dar palestrinhas que criam a "sensação subjetiva", em quem assiste, de que se está aprendendo filosofia ou, pior, se está filosofando, outra coisa é gerar uma forma de exposição clara, didática, mas correta, que realmente coloca quem assiste no rumo da filosofia. Há quem pesquise e escreva sobre filosofia, mas não possui maturidade intelectual para divulgar filosofia de modo eficaz e correto. Há quem divulgue, mas não seja realmente bem ilustrado e profundo para isso.
Os países que democratizaram o seu ensino de um modo geral são os que conseguiram gerar filósofos capazes de textos de profundidade e, ao mesmo tempo, textos de divulgação ou de "formação". Os Estados Unidos são um exemplo disso, hoje, mais que os europeus.
Os norte-americanos fazem muitos manuais bem feitos. Fazem programas na TV, de filosofia, que são bons e para um grande público. No Brasil os manuais apenas repetem uma velha e cansativa história da filosofia que leva à falsa erudição. E o que se faz na TV sobre filosofia, mesmo nos canais culturais, parece ou um repeteco de aulas bem cansativas e sem qualquer objetivo ou, então, são o "samba do crioulo doido" do Fantástico.
Pessoas repetindo "é melhor ser que ter" ou "o pensar liberta" é o que resulta do Fantástico. Pessoas criando frases como "o neoliberalismo e a globalização condenam todos nós" para colocar em dissertações e teses de uma academia que exige títulos sem conhecimento é o que resulta das aulas das TVs culturais.
Estamos sem jornalistas culturais sérios. Falta no mercado bons professores de filosofia que saibam usar a filosofia, que saibam colocá-la nas mãos das pessoas sem que isso se transforme em bobagem de auto ajuda. No momento que estamos vivendo, que é a época onde os "filósofos brasileiros" recomendados viraram papagaios de pirata - ou de FHC ou de Lula - e não enxergam um palmo na frente do nariz, é fácil que um bando de imbecis venha a dizer que "a questão do ser" é importante - na TV. É marmelada. O Chacrinha filosofava melhor.
As escolas de filosofia deveriam começar a se preocupar com o jornalismo cultural, também na área de filosofia. Todas as faculdades de filosofia deveriam pensar seriamente nisso.

Paulo Ghiraldelli Jr. é filósofo e autor de Caminhos da filosofia (Rio de Janeiro: DPA, 2005). Copordenador do GT-Pragmatismo da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (ANPOF).

quarta-feira, agosto 17, 2005

MUDAR

Seja bem vindo Everton!
Parabéns pelo post!
Muito bem redigido, bastante historico e pertinente ao assunto que nos mais apraz neste século: A mudança de paradigmas e a estagnação do paradigma cartesiano.
Concordo com você, pois precisamos dessa mudança e acredito que desde por volta de 1927 o conceito racionalista cartesiano está por definhar em meio a sociedade ocidental.
Temos agora no seculo XXI a volta da retórica, mas não a retorica classica, retorica como dialética e forma de argumentação. Dando uma visão mais pragmatica á filosofia e colocando-a no campo da possibilidade, no horizonte do verossimil.
Reafirmo: vemos o fim da metafisica e a ética e precisamos fazer algo para que a filosofia não morra.
Mudar os paradigmas?
Talvez?
Mas sim : MUDAR!
Um abraço a todos!

terça-feira, agosto 16, 2005

O salto paradigmático

Desde o advento da ciência moderna, a concepção de mundo reducionista tem prevalecido não apenas no que diz respeito á experimentação científica, mas igualmente ao comportamento e a cosmovisão de toda a sociedade ocidental. Ela tem sido nosso “credo”, a base de nossos pressupostos teóricos durante anos. A revolução de 1500-1600 não apenas afetou todos os campos da ciência como também mudou as técnicas de investigação, os objetivos estabelecidos pelo cientista e o papel que cabia à ciência desempenhar na filosofia e na própria sociedade. Foi uma modificação geral no modo pelo qual o homem via a si mesmo e a realidade externa, e não apenas uma transformação do pensamento científico.
Com a revolução copérnica da astronomia, e a derrocada da visão de mundo aristotélica, o elementarismo insurge contra a filosofia escolástica e seu método dedutivo, doravante, partindo dos elementos para o todo. Consoante o desenvolvimento dos vários campos científicos existentes, surgem novas disciplinas, e assim a física matemática toma corpo, através das idéias de Issac Newton.
Na filosofia, o Discurso do método de Descartes, levara os homens de sabedoria a repensar os fundamentos de toda uma época, possibilitando o surgimento de novos paradigmas.
Estabelecido, a princípio, pelas idéias de Newton e René Descartes na física e na filosofia, o reducionismo mecanicista preconizara um universo estático, sustentado por leis da mecânica e explicado como tal. O mundo físico, assim como uma máquina, seria descrito a partir de seus componentes básicos os quais, acreditava-se, responderiam pelo conhecimento do todo. A ampla aplicabilidade do novo método em favor do desenvolvimento científico, levara as ciências humanas a tomá-lo como modelo, não obstante as diferenças, no uso de pressupostos semelhantes. O físico Fritjfof Capra oferece-nos mais detalhes:

“Desde o século XVII a física tem sido o exemplo brilhante de uma ciência ´exata´, servindo como modelo para todas as outras ciências. Durante dois séculos e meio os físicos se utilizaram de uma visão mecanicista de mundo [...] visto como uma profusão de objetos separados montados numa gigantesca máquina. ...acreditava-se que os fenômenos complexos podiam ser sempre entendidos desde que se os reduzisse a seus componentes básicos e se investigasse os mecanismos através dos quais esses componentes interagem [...]. As outras ciências aceitaram os pontos de vista mecanicista e reducionista da física clássica como a descrição correta da realidade [...]. Os psicólogos, sociólogos e economistas, ao tentarem ser científicos, sempre se voltaram naturalmente para os conceitos básicos da física newtoniana (Capra, 1987, pág.44).

A visão de mundo arcaica tornara-se um engodo. De fato, a dedução, e não o experimento determinara, por séculos, o que deveria ser aceito quanto ao mundo natural e seus processos. A curiosa noção de testar a teoria empiricamente ainda não tinha adquirido raízes. Não é para surpreender, portanto, o fato de que a tecnologia avançasse tão lentamente no período medieval.
Os filósofos iluministas recusaram-se veementemente a formular hipóteses de cunho metafísico sobre a natureza, como o era na idade média. “O programa do iluminismo era o de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e anular a imaginação por meio do saber” (Adorno, 2005, pág.17). O Teocentrismo cedera lugar ao império humano; a renascença reflorescera o antropocentrismo grego, e Deus, tal como uma muleta, fora abandonado pelo caminho. Nos dizeres de Voltaire, em sua peça Édipo:

“Confiemos em nós mesmos, olhemos com os nossos próprios olhos; Sejam estes nossos oráculos, nossas trípodes e nossos deuses” (citado em Durant, 1962, pág. 200).

O mundo escolástico fora soterrado pelo desenvolvimento mil vezes mais seguro e mais palpável dos telescópios, da navegação e do espírito racional. Era possível agora calcular, pesar, medir e observar. O empirismo invadira o mundo científico e a mensuração, a objetividade e a experimentação pragmática, tornaram-se os marcadores indeléveis de um novo tempo, uma nova sociedade, sustentada pela fé no cientificismo. O espírito moderno, como que numa contra-reação ao holismo medieval, restringira-se aos fatos, aos dados empíricos, e por meio deles formulara suas teorias indutivas. Cada homem de ciência definira seu escopo, se a física, se a biologia, se a medicina, etc. fragmentando-se e afastando-se da idéia de totalidade. Mas ao mesmo tempo, curiosamente, mantinha-se aceso o sonho manifesto de, através de um mínimo ponto, abranger todo o universo. Nas palavras de Will Durant:

“O conhecimento humano tornou-se muito grande para a mente humana. O que ficou foi o especialista científico que ´conhece mais e mais a respeito de menos e menos`. [...] O especialista armou-se de viseiras para restringir o campo da visão; some-se o mundo para que fique um pontinho só a esmiuçar. [...] ´Fatos` substituíram a compreensão; e o conhecimento, cindido em mil partes isoladas, não mais deu como resultado sabedoria. Cada ciência e cada ramo da filosofia geraram uma terminologia técnica apenas inteligível para os iniciados; quanto mais o homem aprendia sobre o mundo menos se achava apto a exprimir aos outros a coisa que tinha aprendido” (Durant, 1962, págs. 5 e 6).

A especialização trouxe um avanço nunca antes esperado. O uso a esmo da matemática e do método estatístico, bem como dos pressupostos da física newtoniana, fortaleceram a investigação sobre a natureza. Com o progresso tecnológico e intelectual, foi possível libertar o homem da estagnação obscurantista, e reaver o tempo perdido.
A rápida expansão cientificista, porém, nos ofuscara a crítica, e o crescimento informacional absurdo reduzira ainda mais o campo das averiguações. Cada qual trabalhando isoladamente, envolto em seu objeto, perdera de vista os efeitos em escala global. A síntese fora execrada e o reducionismo tornou-se a lei. Os problemas mundiais pareciam agora insolúveis, vistos de maneira elementar. A ciência já não poderia conter o expansionismo, e num interessante revés, libertos do medo mágico, tornamo-nos vítimas de uma nova armadilha: o progresso da dominação técnica. A indústria cultural utilizara-se dos recursos provenientes do desenvolvimento científico para alienar as massas, e assim o crescimento econômico capitalista juntara-se à ciência com o mesmo intuito de controlar e expandir-se ainda mais. Paralelamente, numa tentativa funesta, cindimos homem e natureza, posicionando-nos contra o espírito ecológico, inimigo da evolução desenfreada:

“Tendo dominado o ambiente ecológico, parece que o homem deslocou as questões de sua sobrevivência para o plano das relações com seus semelhantes. E aí também parece que a contribuição das ciências não tem sido suficientes ou adequadas para afastar de nossa civilização o risco real de sua própria extinção” (Vasconcellos, 2002, pág.17).

As guerras mundiais, o nazismo e o stalinismo nos provaram uma falha gravíssima no racionalismo iluminista. Que luzes se não a de canhões e de tiros alvejando pelo ar? Que glórias senão a de uma vitória sobre a natureza e, portanto, sobre nós mesmos? A razão, o logos, outrora nosso mártir, nos traíra. Lá estava agora a fundamentar a luta entre povos inteiros, em prol de uma “verdade universal”.
A guerra fria e a corrida espacial nos trouxera o estranho paradoxo do homem na lua, envolto pelo sonho de uma civilização inter-estelar, enquanto a humanidade terrena lograva libertar-se da extinção unânime, presa de uma decisão internacional tão fria quanto o aço das indústrias.
Mas a simples queda do muro de Berlim não fora o suficiente para instaurar a paz. A ameaça persistira, e nos atuais conflitos entre ocidente e oriente, reside o perigo de novas perdas.
Por de trás da guerra, há sempre o cientificismo, a fornecer-lhe o combustível necessário. O reducionismo das teorias atingira o pensamento das massas, e hoje nos sentimos separados de todo o resto. A fragmentação do método levou à fragmentação humana, e a indução gerou o nacionalismo pretensioso, disposto a universalizar-se como verdade de todos, tal qual desejam os EUA.
O tempo, todavia, reservara-nos surpresas insuspeitadas. A história, como que girando sobre si mesma, resgatara a visão de mundo totalizante, não mais ancorada no medievalismo dogmático, mas no convés da própria ciência. Assim, o que seria apenas uma grave mudança no pensamento científico, tornou-se verdadeira revolução na maneira como compreendemo-nos a nós mesmos em relação à natureza. Vejamos a seguir.

1.1. O conceito de paradigma e as descobertas da física moderna

De acordo com o filósofo Thomas Kuhn, a ciência não segue um progresso contínuo e ininterrupto. Seu desenvolvimento se dá através de “saltos” ou revoluções que determinam paradigmas específicos, os quais delineiam toda a série de pesquisas em um dado momento histórico (Khun, 1970). O termo paradigma vem do grego (paradeigma) e significa “Padrão”. Este forma não só um modelo sob o qual os pesquisadores estruturam suas hipóteses de trabalho, mas também toda uma modalidade de pensamento sócio-cultural, que perdura mais ou menos tempo, até finalmente tornar-se um entrave. Khun define os paradigmas como estruturas conceituais e temporais implícitas nas teorias científicas, por representarem toda uma forma de compreensão e raciocínio, subjacente às pesquisas.
Atualmente, ao que parece, como quando da renascença e da revolução copérnica, uma profunda mudança paradigmática vem afetando inúmeros setores. A insuficiência e limitação do reducionismo têm-se mostrado mais claras, no que tange a uma série de fatores, inabordáveis de um ponto de vista fragmentário ou indutivo. Como afirmara o biofísico Ludwig Von Bertalanffy:

“Podemos afiançar, como característica da ciência moderna, que o plano das unidades isoláveis agindo numa causalidade de um sentido revelou-se insuficiente. Daí o aparecimento, em todos os campos da ciência, de noções como totalidade, holismo, organísmico, gestalt, etc; todos os quais significam que, em última instância, precisamos pensar em função de sistemas de elementos em mútua interação” (Bertalanffy, 1997).

A fenomenologia, e principalmente a abordagem sistêmica, nos mostraram que o todo possui uma dinâmica própria, diferentemente da simples soma de suas partes. As pesquisas em Cibernética, psicologia da Gestalt, e as descobertas da física moderna nos trouxeram de volta a uma noção de mundo totalizante. Os instrumentos, cada vez mais precisos, descobriram o que o universo não era: as leis de Newton provaram ser aproximadamente verdadeiras. O universo tido com algo facilmente compreensível e realmente bastante simples, de repente revelou-se aos físicos, um tanto mais estranho e complexo do que imaginavam. Conquanto uma grande parte das contribuições trazidas pela teoria clássica tenha se mantido, a visão de mundo reducionista mostrara-se incapaz de fornecer uma melhor descrição da realidade. Destarte, a física passara, aos poucos, de um ponto de vista fragmentário, para a idéia cada vez mais próxima de um universo dinâmico, em que os elementos interagem, de modo a originar um todo:

“A concepção do universo como uma rede interligada de relações é um dos dois temas tratados com maior freqüência na física moderna. O outro tema é a compreensão de que a rede cósmica é intrinsecamente dinâmica [...]. As propriedades de seus modelos básicos, as partículas subatômicas, só podem ser entendidas num contexto dinâmico, em termos de movimento, interação e transformação (Capra, 1987, pág. 82).

Essa importante descoberta derivara de outras constatações não menos cruciais, como o princípio da incerteza, atribuído à Heinsenberg. Ao estudarem partículas ínfimas como os átomos, os físicos depararam-se com paradoxos que não conseguiam resolver de maneira objetiva, ao mesmo tempo em que não viam como atribuí-los à própria natureza. Cada vez que procuravam descrever o movimento de uma partícula, o faziam de maneira oposta, o que levou Heinsenberg à conclusão de que é impossível separar sujeito e objeto, contrariando a clássica divisão cartesiana. A mente do observador influi na concepção que se tem da partícula, e a altera indefinidamente. Não haveria, então, como definir de modo exato o movimento de um elétron, por exemplo, que ora pode se manifestar como onda, para noutro instante manifestar-se como partícula, de fato:

“Se formulo uma pergunta sobre a partícula, ele [o elétron] me dá uma resposta sobre a partícula; se faço uma pergunta sobre a onda, ele me dá uma resposta sobre a onda. O elétron não possui propriedades objetivas independentes da minha mente. Na física atômica, não pode mais ser mantida a nítida divisão cartesiana entre matéria e mente, entre o observado e o observador. Nunca podemos falar sobre a natureza sem, ao mesmo tempo, falarmos sobre nós mesmos.” (Capra, 1987, pág. 81).

A história nos pregara uma peça: a exploração do meio ambiente “em nome da ciência” provou ser uma das nossas maiores mentiras! O observador influencia sempre, e modifica também o observado. O universo e seus habitantes estão inextricavelmente ligados num todo: tudo é relacionado. A separação entre homem e meio ambiente é uma ilusão que criamos a nós próprios! Nenhum cientista encontra-se inteiramente livre de responsabilidades pelas experiências que efetua, e a idéia de neutralidade, presente na ciência oficial, tornou-se um mito:

“Ao transcender a divisão cartesiana, a física moderna não só invalidou o ideal clássico de uma descrição objetiva da natureza, mas também desafiou o mito da ciência isenta de valores. Os modelos que os cientistas observam na natureza, estão intimamente relacionados com os modelos em sua mente – com seus conceitos, pensamentos e valores. Assim, os resultados científicos que eles e as aplicações tecnológicas que investigam serão condicionados por sua estrutura mental. Embora muitas de suas detalhadas pesquisas não dependam explicitamente do seu sistema de valores, o paradigma maior dentro do qual essas pesquisas são levadas a efeito nunca está isento de valores. Portanto, os cientistas são responsáveis por suas pesquisas, intelectual e moralmente.” (Capra, 1987, pág.82).

As pesquisas subseqüentes, e as teorias de físicos renomados como Niels Bohr e Max Plank, demonstraram a insuficiência dos postulados anteriores, e a necessidade de se observar um sistema, não mais em termos de partes independentes, mas de uma visão da totalidade. Questões como o princípio da causalidade, a noção espaço-temporal, o conceito de matéria e energia, a concepção de mundo mecânica e fragmentária, a redução dos fenômenos a processos meramente quantitativos e mesmo a cisão entre sujeito e objeto tiveram de ser repensadas.
Os físicos perceberam que não havia como oferecer uma descrição exata e objetiva dos fenômenos de que estavam tratando. Era preciso contentar-se com modelos hipotéticos, sabendo que representavam meramente um mapa, e não o território em si. A ciência tradicional tornou-se “inadequada para lidarmos com situações complexas, instáveis, que exigem que reconheçamos nossa própria participação no curso dos acontecimentos” (Vasconcellos, 2002, pág.22).
A revolução da física quântica nos trouxe assim, de volta a profundas reflexões sobre o alcance do método científico. Até que ponto o modelo newtoniano oferece uma base segura às várias disciplinas e quais os limites dessa visão para com a ciência em geral? Visto que uma considerável parcela mantém-se ainda estruturada conforme o ponto de vista newtoniano, quais as limitações que se apresentam, nos respectivos contextos? Em suas obras, Capra tem tratado dessas repercussões, e seus estudos revelam uma deficiência tão grande quanto à encontrada na física clássica.

“Estou afirmando que estamos em meio a uma mudança de paradigma; o velho paradigma é a visão de mundo cartesiana, newtoniana, a visão de mundo mecanicista. O novo paradigma é o holístico, a visão de mundo ecológica. Precisamos dessa mudança de percepção. Nossa sociedade, nossas corporações, nossa economia, nossa tecnologia, nossa política, estão todas estruturadas de acordo com o velho paradigma cartesiano. Precisamos de mudança” (Wilber. pág.225).

sábado, agosto 13, 2005

Filosofia da Informação

Que nós vivemos na era da informação disto não há como negar. A velocidade com que as informações são veiculadas e de forma variada nos maiores meios de comunicação é de se espantar. Além do radio e a televisãotemos a internet para dar maior dinamica a esse processo. Porém a questão aqui é o filtro dessas informações. Há uma procura desenfreada por aquilo que se deseja mas não há filtros para toda essa informação. Já vimos o fim da metafisíca e o hoje vemos o fim da ética, os pilares da filosofia se corrompem a cada seculo. O que temos visto é uma retomada da hermeneutica e da filosofia da linguagem. A preocupação hoje é sobre o que absorvemos da massicassão de informação global? Perguntam os homens: Será utli a mim isto? Ao inves de : Isto é certo saber? Precisamos resgatar a logica para resgatar a ética. O papel da logica na linguagem é decifrar tudo aquilo que está sendo aceito e consumido pela conteporaneidade. Mas a velocidade da informação é muito maior que a velocidade do raciocinio humano. Quem raciocina, para pra pensar. Quem parar é ultrapassado. Por isso a maioria das pessoas agem por impulsos. para não ficarem para tras. Talvez se tivessemos um codigo de ética que filtrasse logicamente correto todo tipo de informação, chegaria ate nós somente boas informações. Porém cairiamos numa ditadura. Então o que fazer? O que procurar saber? O que pensar? Precisamos da filosofia da informação antes de qualquer coisa, para não vermos o fim da ética, da metafisica e consequentemente da filosofia. Este post pertence à: http://filosofialogica.blogspot.com

sexta-feira, julho 29, 2005

Apenas um adendo

"(...)Considerando a angustia e o desespero que nos aterrorizam ante o fluir de nossa vida, diz que ficamos suspensos, prisioneiros do nada e vem-nos o sentimento de indiferença e de tédio. Mas esses sentimentos podem constituir uma passagem da existência falsa para a autêntica. A esperança não floresce senão sobre o solo do desespero.(...)" Gabriel Marcel

"(...) A liberdade do homem está na escolha entre dois aspectos de existência:
a Falsa e a Autêntica. A existência falsa é a dos homens que estão perdidos no mundo, na vida cotidiana, daqueles que se concentram sobre os objetos deste mundo, que condicionam sua felicidade num mundo que é uma realidade vazia de sentido. Só tecnicamnete ultilizável. Cabe ao homem fugir deste estado e passar para a existência autêntica que é um ultrapassar constante daquilo que se é. É realizar-se. Só se existe pela livre realização de um mais ser.(...)"
Jean Paul Sartre

sábado, junho 11, 2005

Mundo

Diário do Capitão - Data Estelar - 20051604

Aqui estou novamente, pensativo e de certa forma, melancôlico.
Desta vez vou escrever sobre algo que estou a analizar há um bom tempo.
Quantos mundos existem nesse mundo em que vivemos?
Não estou falando de Matrix ou 13° andar (diga-se de passagem, ótimos filmes), isso não tem nada a ver com eles. Não estou falando de uma ficção existencial ou mesmo, tendo uma crise existêncial (o que é comum a muito estudante de filosofia). Estou falando de realidades que compõe esse mundo em que vivemos. Estou falando de várias variáveis (que é o nome de música de uma banda de rock dos anos 80. Sinto uma nostalgia tremenda ao lembrar dessa década, um saudosismo pulsante, percorre cada veia e artéria de meu corpo no momento em que penso como era feliz e não sabia. Aquele era um mundo em que seria interessante reviver, e se fosse com a cabeça que tenho hoje, muita coisa seria diferente, mas como disse, isso não é uma crise existêncial, então sigamos em frente), que fazem esse mundo ser de maneiras diversas para todo tipo de gente.
Numa aula da semana passada, começamos a falar sobre Leibniz (filósofo moderno, matemático também) que escreveu sobre muita coisa, mas o interessante agora, é que ele, num desse escritos, disse que esse mundo era o melhor entre os mundos possíveis. Para Leibniz, Deus criou esse mundo com tudo de bom, muitos perguntaram por que existem coisas más e ele disse que essa maldade é a menor possível. Interessante esse ponto de vista, mas contraditório. Sendo Deus perfeito, que criou um mundo perfeito, por que cria um ser imperfeito (nós) capaz de fazer maldades? Que Deus sacana é esse(Isso não é um desabafo ou reclamação de um ateu obsecado em falar mal de Alguém que (para ele) não existe, aliás, acredito em Deus, sou cristão, fransciscano e minha crença é muito bem resolvida, não tenho problemas quanto a isso)?
Existem muitos mundos. Aquele no qual eu vivo e no qual você (que está lendo) vive. Um camarada que tem pai, mãe, irmãs, irmãos, que tem uma vida cheia de altos e baixos, mas que tem uma familia e amigos, vive num mundo diferente daquele camarada que se ferra deste pequeno, que aprende a não acreditar em todos que passam por sua vida, esse aprende que a lei do mundo, da selva, é a lei do mais forte e mais esperto, cada um por si e Deus por todos (as vezes nem Deus). Aquele que vive com a familia, aprende essa lei também, mas sabe que existe no mundo, pessoas em que pode confiar. O mais interessante, é que esses dois mundos, existem de verdade, há muita gente safada por ai, mas há gente integra também e todos tem o direito de acreditar que seu mundo é o verdadeiro. Aquele que vive entre as cobras, acha que o que vive entre pessoas "confiáveis", é um inocente bobo e fraco e o outro, acha que esse é um pessimista que só sabe reclamar. É pertinente ressaltar mais uma coisa. O mundo interfere sim na conduta do indivíduo, mas isso não ocorre em 100% dos casos, já conheci "neguim" que se ferra e é muito gente boa e otimista, enquanto aquele que recebe carinho e atênção, é um grande filho da P...
Mundos e mundos, qual você vive? Existem muitos outros, mas o importante é todos viverem da melhor maneira possível em seu mundo.
Carpe diem para todos e memento mori também.

quarta-feira, maio 25, 2005

Existo, sinto logo Penso!

Seria então o cogito de Descartes uma espécie de falsidade ideológica? Esta é a pergunta que em maior freqüência escuto após o artigo sobre a “A Razão Pura não existe”. Mas a exaltação cartesiana na razão construiu as bases para o pensamento moderno, e foi no dualismo mente corpo que o abismo se tornou maior, pois a mente, ou seja, o pensar foi concebido como uma atividade fora do corpo. Desse modo se para pensar e tomar decisões corretas seria preciso manter a cabeça fria e afastar todos os sentimentos e emoções? Errado! Descarte deveria ter que dizer: ”Existo, sinto logo penso”.E a grande parte dos seus problemas não resolvidos, dentre eles o seu Inatismo tanto combatido não teriam existido. Vejamos melhor, a razão como capacidade humana de pensar seria a responsável pelo pensar o certo e/ou o errado? Vimos nos artigos anteriores que a faculdade da razão foi transformada em uma convenção de associação de idéias realizadas na memória humana. Vimos também que a memória é adquirida só após ter se passado pela experiência, pois esta é que lhe dará a lembrança de algo. Estamos falando aqui de todo e qualquer tipo de lembranças, pois sabemos hoje que o próprio DNA contém lembrança e esta depois vai acarretar no diz respeito ao conhecimento a priori. Mas no atenhamo-nos ao assunto agora. Após passar pela experiência o individuo reconhecerá o certo e/ou o errado na próxima situação. Tenhamos que afirmar assim como o grandioso Aristóteles em Ética a Nicômaco que a virtude, ou melhor, decisão pelo certo ou errado se dá através da percepção e não pela razão. Segundo ele você deve observar a situação, agir sentindo o que certo ou errado e depois deliberar sobre o acontecimento. Então antes da razão a decisão passa pelos sentidos, devemos sentir. Ação contraria a frieza intelectual dos racionalistas. Meus caros colegas, o fato que estamos falando aqui é : Pensar é unir os sentidos e interpretar os sentimentos. Analisemos os grandes gênios e suas aptidões para o que é belo, para as artes, musica ou seja, para o lado emocional, veremos que todos tinham fortes inclinações emocionais. Portanto a razão não é mais tão pura como pensávamos, agora amigos vocês sabem que não devem ser tão frios e racionais perante a vida, e que filosofar e saber olhar com os olhos do coração também. Um abraço a todos, e em especial a Jorge Rosa por ter me adicionado em seu site “Caderno de Filosofia”. Obrigado pelos elogios, sua pagina também é maravilhosa, imperdível para os estudantes de Filosofia. Até a próxima!

sexta-feira, abril 15, 2005

“Ai, o tempo dos pensadores parece já ter passado”

Com essa frase, Kierkegaard faz uma crítica aguda aos pretensos pensadores de sua época e deixa claro que não queria colecionar muitos amigos, mas sim encontrar o caminho (pois a verdade era um caminho) para explicar o que era o amor, ou melhor, o elogio ao amor (o estádio religioso, declarado, falando de Deus, é claro). Já naquela época ele se incomodava com as respostas instantâneas dos pensadores, que mais pareciam cientistas. A reflexão, a calma, a paciência, a dedicação ao objeto de estudo estavam já há muito perdidas. É, ele realmente foi um Pensador, e ele sim, com “P” maiúsculo.

quarta-feira, abril 13, 2005

A escolha

A grande questão é essa, a escolha, mas não uma escolha regrada, refletida, pensada, não uma escolha que precise de critérios, mas apenas uma escolha por si, uma escolha, se me permitem, na essência, mas uma essência subjetiva. O importante, na estética Kierkegaardiana não está no critério, ou na razão da escolha, mas sim, no “poder” de se poder escolher. Portanto meus caros, não está em Kierkegaard, não na estética, a razão, a medida ou mesmo o critério filosófico. Daí o fato pelo qual ele trabalha com três estádios, o estético, o ético e o religioso, nesta ordem. E o primeiro, que no momento me é interessante por eu poder enxergar nele um certo ar do Jardim de Epicuro. Arrisco-me a dizer que Kierkegaard leu a obra de Epicuro e dela retirou, se não parte, uma grande influência para fundamentar o seu estádio estético.

segunda-feira, abril 04, 2005

A utilidade do "rabo preso"

*artigo publicado no meu blog e neste na mesma data*

Enquanto isso, há uma comoção mundial, e ao mesmo tempo uma temerária expectativa. Momento muito propício para relembrar a teoria do “rabo preso” de David Hume, claro que ele preferia chamar de utilitarismo, este sempre enaltecido pela benevolência, mas para mim, prefiro mesmo a classificação de rabo preso. Amigos, confiem em mim, como vai ter gente nova aparecendo e querendo ser útil neste momento histórico pelo qual estamos passando.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Caros companheiro de classe

Estamos em contagem regressiva para o recomeço de mais um período, período esse que creio, irá dar pano para manga e cortará muita gente. Cada período adiante, ficará mais difícil.
Quem já leu ou está lendo os livros pedidos levantem a mão, no meu caso vou continuar teclando e manter minhas mão abaixadas, mas isso não me assusta.

Mais um ano começa, mas acho interessante pensar também que mais um ano se foi e assim vai nossa vida, com começos e fins, as vezes sem meios.

Um abraço a todos e com saudades eu ja espero voltar ao convívio com aqueles que buscam a verdade.