Powered By Blogger

Seguidores

quarta-feira, agosto 17, 2005

MUDAR

Seja bem vindo Everton!
Parabéns pelo post!
Muito bem redigido, bastante historico e pertinente ao assunto que nos mais apraz neste século: A mudança de paradigmas e a estagnação do paradigma cartesiano.
Concordo com você, pois precisamos dessa mudança e acredito que desde por volta de 1927 o conceito racionalista cartesiano está por definhar em meio a sociedade ocidental.
Temos agora no seculo XXI a volta da retórica, mas não a retorica classica, retorica como dialética e forma de argumentação. Dando uma visão mais pragmatica á filosofia e colocando-a no campo da possibilidade, no horizonte do verossimil.
Reafirmo: vemos o fim da metafisica e a ética e precisamos fazer algo para que a filosofia não morra.
Mudar os paradigmas?
Talvez?
Mas sim : MUDAR!
Um abraço a todos!

terça-feira, agosto 16, 2005

O salto paradigmático

Desde o advento da ciência moderna, a concepção de mundo reducionista tem prevalecido não apenas no que diz respeito á experimentação científica, mas igualmente ao comportamento e a cosmovisão de toda a sociedade ocidental. Ela tem sido nosso “credo”, a base de nossos pressupostos teóricos durante anos. A revolução de 1500-1600 não apenas afetou todos os campos da ciência como também mudou as técnicas de investigação, os objetivos estabelecidos pelo cientista e o papel que cabia à ciência desempenhar na filosofia e na própria sociedade. Foi uma modificação geral no modo pelo qual o homem via a si mesmo e a realidade externa, e não apenas uma transformação do pensamento científico.
Com a revolução copérnica da astronomia, e a derrocada da visão de mundo aristotélica, o elementarismo insurge contra a filosofia escolástica e seu método dedutivo, doravante, partindo dos elementos para o todo. Consoante o desenvolvimento dos vários campos científicos existentes, surgem novas disciplinas, e assim a física matemática toma corpo, através das idéias de Issac Newton.
Na filosofia, o Discurso do método de Descartes, levara os homens de sabedoria a repensar os fundamentos de toda uma época, possibilitando o surgimento de novos paradigmas.
Estabelecido, a princípio, pelas idéias de Newton e René Descartes na física e na filosofia, o reducionismo mecanicista preconizara um universo estático, sustentado por leis da mecânica e explicado como tal. O mundo físico, assim como uma máquina, seria descrito a partir de seus componentes básicos os quais, acreditava-se, responderiam pelo conhecimento do todo. A ampla aplicabilidade do novo método em favor do desenvolvimento científico, levara as ciências humanas a tomá-lo como modelo, não obstante as diferenças, no uso de pressupostos semelhantes. O físico Fritjfof Capra oferece-nos mais detalhes:

“Desde o século XVII a física tem sido o exemplo brilhante de uma ciência ´exata´, servindo como modelo para todas as outras ciências. Durante dois séculos e meio os físicos se utilizaram de uma visão mecanicista de mundo [...] visto como uma profusão de objetos separados montados numa gigantesca máquina. ...acreditava-se que os fenômenos complexos podiam ser sempre entendidos desde que se os reduzisse a seus componentes básicos e se investigasse os mecanismos através dos quais esses componentes interagem [...]. As outras ciências aceitaram os pontos de vista mecanicista e reducionista da física clássica como a descrição correta da realidade [...]. Os psicólogos, sociólogos e economistas, ao tentarem ser científicos, sempre se voltaram naturalmente para os conceitos básicos da física newtoniana (Capra, 1987, pág.44).

A visão de mundo arcaica tornara-se um engodo. De fato, a dedução, e não o experimento determinara, por séculos, o que deveria ser aceito quanto ao mundo natural e seus processos. A curiosa noção de testar a teoria empiricamente ainda não tinha adquirido raízes. Não é para surpreender, portanto, o fato de que a tecnologia avançasse tão lentamente no período medieval.
Os filósofos iluministas recusaram-se veementemente a formular hipóteses de cunho metafísico sobre a natureza, como o era na idade média. “O programa do iluminismo era o de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e anular a imaginação por meio do saber” (Adorno, 2005, pág.17). O Teocentrismo cedera lugar ao império humano; a renascença reflorescera o antropocentrismo grego, e Deus, tal como uma muleta, fora abandonado pelo caminho. Nos dizeres de Voltaire, em sua peça Édipo:

“Confiemos em nós mesmos, olhemos com os nossos próprios olhos; Sejam estes nossos oráculos, nossas trípodes e nossos deuses” (citado em Durant, 1962, pág. 200).

O mundo escolástico fora soterrado pelo desenvolvimento mil vezes mais seguro e mais palpável dos telescópios, da navegação e do espírito racional. Era possível agora calcular, pesar, medir e observar. O empirismo invadira o mundo científico e a mensuração, a objetividade e a experimentação pragmática, tornaram-se os marcadores indeléveis de um novo tempo, uma nova sociedade, sustentada pela fé no cientificismo. O espírito moderno, como que numa contra-reação ao holismo medieval, restringira-se aos fatos, aos dados empíricos, e por meio deles formulara suas teorias indutivas. Cada homem de ciência definira seu escopo, se a física, se a biologia, se a medicina, etc. fragmentando-se e afastando-se da idéia de totalidade. Mas ao mesmo tempo, curiosamente, mantinha-se aceso o sonho manifesto de, através de um mínimo ponto, abranger todo o universo. Nas palavras de Will Durant:

“O conhecimento humano tornou-se muito grande para a mente humana. O que ficou foi o especialista científico que ´conhece mais e mais a respeito de menos e menos`. [...] O especialista armou-se de viseiras para restringir o campo da visão; some-se o mundo para que fique um pontinho só a esmiuçar. [...] ´Fatos` substituíram a compreensão; e o conhecimento, cindido em mil partes isoladas, não mais deu como resultado sabedoria. Cada ciência e cada ramo da filosofia geraram uma terminologia técnica apenas inteligível para os iniciados; quanto mais o homem aprendia sobre o mundo menos se achava apto a exprimir aos outros a coisa que tinha aprendido” (Durant, 1962, págs. 5 e 6).

A especialização trouxe um avanço nunca antes esperado. O uso a esmo da matemática e do método estatístico, bem como dos pressupostos da física newtoniana, fortaleceram a investigação sobre a natureza. Com o progresso tecnológico e intelectual, foi possível libertar o homem da estagnação obscurantista, e reaver o tempo perdido.
A rápida expansão cientificista, porém, nos ofuscara a crítica, e o crescimento informacional absurdo reduzira ainda mais o campo das averiguações. Cada qual trabalhando isoladamente, envolto em seu objeto, perdera de vista os efeitos em escala global. A síntese fora execrada e o reducionismo tornou-se a lei. Os problemas mundiais pareciam agora insolúveis, vistos de maneira elementar. A ciência já não poderia conter o expansionismo, e num interessante revés, libertos do medo mágico, tornamo-nos vítimas de uma nova armadilha: o progresso da dominação técnica. A indústria cultural utilizara-se dos recursos provenientes do desenvolvimento científico para alienar as massas, e assim o crescimento econômico capitalista juntara-se à ciência com o mesmo intuito de controlar e expandir-se ainda mais. Paralelamente, numa tentativa funesta, cindimos homem e natureza, posicionando-nos contra o espírito ecológico, inimigo da evolução desenfreada:

“Tendo dominado o ambiente ecológico, parece que o homem deslocou as questões de sua sobrevivência para o plano das relações com seus semelhantes. E aí também parece que a contribuição das ciências não tem sido suficientes ou adequadas para afastar de nossa civilização o risco real de sua própria extinção” (Vasconcellos, 2002, pág.17).

As guerras mundiais, o nazismo e o stalinismo nos provaram uma falha gravíssima no racionalismo iluminista. Que luzes se não a de canhões e de tiros alvejando pelo ar? Que glórias senão a de uma vitória sobre a natureza e, portanto, sobre nós mesmos? A razão, o logos, outrora nosso mártir, nos traíra. Lá estava agora a fundamentar a luta entre povos inteiros, em prol de uma “verdade universal”.
A guerra fria e a corrida espacial nos trouxera o estranho paradoxo do homem na lua, envolto pelo sonho de uma civilização inter-estelar, enquanto a humanidade terrena lograva libertar-se da extinção unânime, presa de uma decisão internacional tão fria quanto o aço das indústrias.
Mas a simples queda do muro de Berlim não fora o suficiente para instaurar a paz. A ameaça persistira, e nos atuais conflitos entre ocidente e oriente, reside o perigo de novas perdas.
Por de trás da guerra, há sempre o cientificismo, a fornecer-lhe o combustível necessário. O reducionismo das teorias atingira o pensamento das massas, e hoje nos sentimos separados de todo o resto. A fragmentação do método levou à fragmentação humana, e a indução gerou o nacionalismo pretensioso, disposto a universalizar-se como verdade de todos, tal qual desejam os EUA.
O tempo, todavia, reservara-nos surpresas insuspeitadas. A história, como que girando sobre si mesma, resgatara a visão de mundo totalizante, não mais ancorada no medievalismo dogmático, mas no convés da própria ciência. Assim, o que seria apenas uma grave mudança no pensamento científico, tornou-se verdadeira revolução na maneira como compreendemo-nos a nós mesmos em relação à natureza. Vejamos a seguir.

1.1. O conceito de paradigma e as descobertas da física moderna

De acordo com o filósofo Thomas Kuhn, a ciência não segue um progresso contínuo e ininterrupto. Seu desenvolvimento se dá através de “saltos” ou revoluções que determinam paradigmas específicos, os quais delineiam toda a série de pesquisas em um dado momento histórico (Khun, 1970). O termo paradigma vem do grego (paradeigma) e significa “Padrão”. Este forma não só um modelo sob o qual os pesquisadores estruturam suas hipóteses de trabalho, mas também toda uma modalidade de pensamento sócio-cultural, que perdura mais ou menos tempo, até finalmente tornar-se um entrave. Khun define os paradigmas como estruturas conceituais e temporais implícitas nas teorias científicas, por representarem toda uma forma de compreensão e raciocínio, subjacente às pesquisas.
Atualmente, ao que parece, como quando da renascença e da revolução copérnica, uma profunda mudança paradigmática vem afetando inúmeros setores. A insuficiência e limitação do reducionismo têm-se mostrado mais claras, no que tange a uma série de fatores, inabordáveis de um ponto de vista fragmentário ou indutivo. Como afirmara o biofísico Ludwig Von Bertalanffy:

“Podemos afiançar, como característica da ciência moderna, que o plano das unidades isoláveis agindo numa causalidade de um sentido revelou-se insuficiente. Daí o aparecimento, em todos os campos da ciência, de noções como totalidade, holismo, organísmico, gestalt, etc; todos os quais significam que, em última instância, precisamos pensar em função de sistemas de elementos em mútua interação” (Bertalanffy, 1997).

A fenomenologia, e principalmente a abordagem sistêmica, nos mostraram que o todo possui uma dinâmica própria, diferentemente da simples soma de suas partes. As pesquisas em Cibernética, psicologia da Gestalt, e as descobertas da física moderna nos trouxeram de volta a uma noção de mundo totalizante. Os instrumentos, cada vez mais precisos, descobriram o que o universo não era: as leis de Newton provaram ser aproximadamente verdadeiras. O universo tido com algo facilmente compreensível e realmente bastante simples, de repente revelou-se aos físicos, um tanto mais estranho e complexo do que imaginavam. Conquanto uma grande parte das contribuições trazidas pela teoria clássica tenha se mantido, a visão de mundo reducionista mostrara-se incapaz de fornecer uma melhor descrição da realidade. Destarte, a física passara, aos poucos, de um ponto de vista fragmentário, para a idéia cada vez mais próxima de um universo dinâmico, em que os elementos interagem, de modo a originar um todo:

“A concepção do universo como uma rede interligada de relações é um dos dois temas tratados com maior freqüência na física moderna. O outro tema é a compreensão de que a rede cósmica é intrinsecamente dinâmica [...]. As propriedades de seus modelos básicos, as partículas subatômicas, só podem ser entendidas num contexto dinâmico, em termos de movimento, interação e transformação (Capra, 1987, pág. 82).

Essa importante descoberta derivara de outras constatações não menos cruciais, como o princípio da incerteza, atribuído à Heinsenberg. Ao estudarem partículas ínfimas como os átomos, os físicos depararam-se com paradoxos que não conseguiam resolver de maneira objetiva, ao mesmo tempo em que não viam como atribuí-los à própria natureza. Cada vez que procuravam descrever o movimento de uma partícula, o faziam de maneira oposta, o que levou Heinsenberg à conclusão de que é impossível separar sujeito e objeto, contrariando a clássica divisão cartesiana. A mente do observador influi na concepção que se tem da partícula, e a altera indefinidamente. Não haveria, então, como definir de modo exato o movimento de um elétron, por exemplo, que ora pode se manifestar como onda, para noutro instante manifestar-se como partícula, de fato:

“Se formulo uma pergunta sobre a partícula, ele [o elétron] me dá uma resposta sobre a partícula; se faço uma pergunta sobre a onda, ele me dá uma resposta sobre a onda. O elétron não possui propriedades objetivas independentes da minha mente. Na física atômica, não pode mais ser mantida a nítida divisão cartesiana entre matéria e mente, entre o observado e o observador. Nunca podemos falar sobre a natureza sem, ao mesmo tempo, falarmos sobre nós mesmos.” (Capra, 1987, pág. 81).

A história nos pregara uma peça: a exploração do meio ambiente “em nome da ciência” provou ser uma das nossas maiores mentiras! O observador influencia sempre, e modifica também o observado. O universo e seus habitantes estão inextricavelmente ligados num todo: tudo é relacionado. A separação entre homem e meio ambiente é uma ilusão que criamos a nós próprios! Nenhum cientista encontra-se inteiramente livre de responsabilidades pelas experiências que efetua, e a idéia de neutralidade, presente na ciência oficial, tornou-se um mito:

“Ao transcender a divisão cartesiana, a física moderna não só invalidou o ideal clássico de uma descrição objetiva da natureza, mas também desafiou o mito da ciência isenta de valores. Os modelos que os cientistas observam na natureza, estão intimamente relacionados com os modelos em sua mente – com seus conceitos, pensamentos e valores. Assim, os resultados científicos que eles e as aplicações tecnológicas que investigam serão condicionados por sua estrutura mental. Embora muitas de suas detalhadas pesquisas não dependam explicitamente do seu sistema de valores, o paradigma maior dentro do qual essas pesquisas são levadas a efeito nunca está isento de valores. Portanto, os cientistas são responsáveis por suas pesquisas, intelectual e moralmente.” (Capra, 1987, pág.82).

As pesquisas subseqüentes, e as teorias de físicos renomados como Niels Bohr e Max Plank, demonstraram a insuficiência dos postulados anteriores, e a necessidade de se observar um sistema, não mais em termos de partes independentes, mas de uma visão da totalidade. Questões como o princípio da causalidade, a noção espaço-temporal, o conceito de matéria e energia, a concepção de mundo mecânica e fragmentária, a redução dos fenômenos a processos meramente quantitativos e mesmo a cisão entre sujeito e objeto tiveram de ser repensadas.
Os físicos perceberam que não havia como oferecer uma descrição exata e objetiva dos fenômenos de que estavam tratando. Era preciso contentar-se com modelos hipotéticos, sabendo que representavam meramente um mapa, e não o território em si. A ciência tradicional tornou-se “inadequada para lidarmos com situações complexas, instáveis, que exigem que reconheçamos nossa própria participação no curso dos acontecimentos” (Vasconcellos, 2002, pág.22).
A revolução da física quântica nos trouxe assim, de volta a profundas reflexões sobre o alcance do método científico. Até que ponto o modelo newtoniano oferece uma base segura às várias disciplinas e quais os limites dessa visão para com a ciência em geral? Visto que uma considerável parcela mantém-se ainda estruturada conforme o ponto de vista newtoniano, quais as limitações que se apresentam, nos respectivos contextos? Em suas obras, Capra tem tratado dessas repercussões, e seus estudos revelam uma deficiência tão grande quanto à encontrada na física clássica.

“Estou afirmando que estamos em meio a uma mudança de paradigma; o velho paradigma é a visão de mundo cartesiana, newtoniana, a visão de mundo mecanicista. O novo paradigma é o holístico, a visão de mundo ecológica. Precisamos dessa mudança de percepção. Nossa sociedade, nossas corporações, nossa economia, nossa tecnologia, nossa política, estão todas estruturadas de acordo com o velho paradigma cartesiano. Precisamos de mudança” (Wilber. pág.225).

sábado, agosto 13, 2005

Filosofia da Informação

Que nós vivemos na era da informação disto não há como negar. A velocidade com que as informações são veiculadas e de forma variada nos maiores meios de comunicação é de se espantar. Além do radio e a televisãotemos a internet para dar maior dinamica a esse processo. Porém a questão aqui é o filtro dessas informações. Há uma procura desenfreada por aquilo que se deseja mas não há filtros para toda essa informação. Já vimos o fim da metafisíca e o hoje vemos o fim da ética, os pilares da filosofia se corrompem a cada seculo. O que temos visto é uma retomada da hermeneutica e da filosofia da linguagem. A preocupação hoje é sobre o que absorvemos da massicassão de informação global? Perguntam os homens: Será utli a mim isto? Ao inves de : Isto é certo saber? Precisamos resgatar a logica para resgatar a ética. O papel da logica na linguagem é decifrar tudo aquilo que está sendo aceito e consumido pela conteporaneidade. Mas a velocidade da informação é muito maior que a velocidade do raciocinio humano. Quem raciocina, para pra pensar. Quem parar é ultrapassado. Por isso a maioria das pessoas agem por impulsos. para não ficarem para tras. Talvez se tivessemos um codigo de ética que filtrasse logicamente correto todo tipo de informação, chegaria ate nós somente boas informações. Porém cairiamos numa ditadura. Então o que fazer? O que procurar saber? O que pensar? Precisamos da filosofia da informação antes de qualquer coisa, para não vermos o fim da ética, da metafisica e consequentemente da filosofia. Este post pertence à: http://filosofialogica.blogspot.com